Amor em letras (i)números
Diário comunitário sobre o processo de ter filhos em todas as formas em que a coisa pode ou não acontecer.
contraturas
Anónimo
31/03/2022
Quando transborda “vou só ali à casa de banho 5min”, mas uso-a como portal canalizador das lágrimas que tranco em mim. De que me valeria partilhar a minha vida, os meus pesos, se o chicote em forma de línguas entorpecidas pela antipatia normalizada me iria multiplicar este sentir? Um colo.
Neutralmente apreensivo
O pai
26/03/2022
Estava ali um ser humano que não conhecia, um bebé como muitos outros. Penso muitas vezes nesse dia e da sensação de culpa que tive, por não corresponder às expectativas. Porque razão não chorei ou não estava a transbordar de felicidade? Será normal não sentir um grande apego?
Querido filho
Anónimo
24/03/2022
As noites são tramadas. Mas têm um fim. Porque depois, o sol nasce e tu acordas com o teu maior sorriso, dás-me o teu maior abraço e ficamos os dois na caminha enquanto o pai já se levantou e foi trabalhar cheio de sono (e eu cheia de culpa por não conseguir que durmas para o pai deixar de ter as olheiras que tem!).
Tudo isto
Marta Jesus
21/03/2022
Eu quero utilizar a política que vive em mim para mudar o mundo para a minha filha. Eu não sei em que é que ela se vai tornar. Ponto final. É assustador, mas é verdade. Eu não sei e só posso desejar que o feminismo e a militância que me corre nas veias corra ainda com mais força nas veias dela.