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Renasci

escrito por: Mariana Bastos

11/02/2022

Há cerca de 3 meses escrevia para este mesmo espaço sobre a minha experiência no primeiro parto, como sentia que a cesariana me tinha roubado a identidade e condicionado a esperança de conseguir um parto eutócito.

Hoje partilho convosco o meu segundo parto, o parto que foi sonhado, trabalhado, investido e conseguido!

As primeiras contrações começaram às 5h…como dias antes, tentei dormir, mas sem sucesso.. Cada vez mais fortes e intensas, com a dor a tirar-me da cama e a levar-me num passo zonzo até à sala. Não passavam. Chamei o pai, disse-lhe que achava melhor pedir à minha mãe para vir ficar com o pequenino e nós irmos ao hospital.

Às 8h chegamos ao hospital onde o primeiro tinha nascido. Regressei ao sítio que guardou os meus sonhos, onde sempre me senti segura, respeitada e amparada. É que para mim as pessoas são importantes, os abraços que me foram dados enquanto passava por um internamento na neonatologia sabiam a casa, a rede de segurança.

Começaram os medos, o reviver dos passos. As dúvidas toldaram a esperança em certos momentos e quem lá estava comigo soube ter paciência, carinho, cuidado. Devagarinho o trabalho de parto foi avançando, na minha cabeça relembrava as palavras amigas de força e confiança. Ao meu lado o melhor homem que podia escolher, que ao ver-me a duvidar do que o meu corpo estava preparado para fazer, me disse mil vezes para não ter medo, que ia correr bem!

Chegamos à dilatação completa com um bebé que demorou 2h a nascer… No meio do cansaço, da exaustão, da dor, pensei que não iria conseguir. Serei eternamente grata à pessoa que me ajudou a pôr esta criança no mundo, porque acreditou sempre, acreditou por mim quando eu sentia o meu corpo a desistir.

E nasceu. Às 23h… Saiu de mim pelas minhas mãos, diretamente para cima do meu corpo.
Neste parto renasci. Lambi as feridas, abracei-me e fiz as pazes.

Este parto teve tanto de “consegui” como de “não tiveste culpa no anterior”. Ambos meus, ambos inacreditáveis.
Havia algo por que ansiava, o brilho, a força, o êxtase de quem, com a força do seu corpo, põe um bebé no Mundo. Isso aconteceu… E sim, foi tudo o que imaginei que podia ser e muito muito mais.

Bem Vinda querida Constança, tão bom ser tua mãe.

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