Acredito profundamente que ser mulher é um ato político. Ser mulher, mãe e amamentar é viver no parlamento de tanta política que conseguimos reunir. Gerei uma vida dentro de mim, logo na gravidez soube que era uma menina e fui incapaz de não me sentir meio perdida por estar a colocar mais uma mulher no mundo. Um mundo que não foi feito para nós. Mas logo aí decidi parar e inverter esta moeda. Eu quero utilizar a política que vive em mim para mudar o mundo para a minha filha. Eu não sei em que é que ela se vai tornar. Ponto final. É assustador, mas é verdade. Eu não sei e só posso desejar que o feminismo e a militância que me corre nas veias corra ainda com mais força nas veias dela. Para que ela nunca aceite nada menos do que aquilo que merece, nada menos do que aquilo que lhe encha as medidas. Estou a gerar uma nova vida e decidi que também isto podia ser um ato político. Então escolhi que não quero saber se quem carrego dentro de mim é menino ou é menina. Neste momento o meu bebé tem um mundo de oportunidades à sua espera. O leque está totalmente aberto! Vivemos num mundo carregado pelas diferenças de gênero, um mundo que nos condiciona por aquilo que temos no meio das pernas e nos oprime ou nos coloca em pedestais. Neste momento, para o bebé que habita dentro de mim, não existe socialização. Não existem limitações. Não existem opressões, discriminações ou apagamentos. Tudo isto porque eu só quero que os meus filhes sejam tudo aquilo que eles quiserem ser, sem que ninguém lhes diga que não podem ser. Seja qual for a razão.