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Verbos da minha melodia

escrito por: Andrea Guerreiro

17/05/2021

​Não sobra nada da palavra falada. A palavra falada é efémera. Eu falo, falo, falo e canso-me de me ouvir falar. Fico a remoer o que disse. Questiono porque raio não me calei antes.

Nada de bom vem da palavra falada. Que é mal interpretada. É mal recordada. Não há prova. Só sobra a perceção.

A palavra escrita é belíssima. A palavra escrita emociona-me. A palavra escrita pode ser mastigada, ruminada, digerida. É lida no silêncio, na companhia dos pensamentos e das emoções. Com tempo.

Ecoa. Ecoa. Ecoa… Arrepia-me.

A palavra escrita é como a música. Os meus filhos são os verbos da minha melodia. Sem os meus filhos sobro eu, eu, eu. Eu a falar. Eu autocentrada. Eu enjoada de mim própria. Eu, sem pinga de altruísmo, mesmo quando me dou aos outros. Porque, quando o faço, é apenas nas horas vagas.

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